quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Incógnita

Revejo-te. 
Nas horas intermináveis e no descomplexo do tempo os teus lábios presenteiam-me com a sua memória. 
A carne e o espírito confundem-se num afastamento fingido. Não tenho alternativa. 
Imagino-te comigo e dou informações erradas ao cérebro. O coração queixa-se em retaliação.
Não sei como te irei encaixar na minha vida, também não acho que quero saber. 
A paz da tua existência é suficiente.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Em fogo



Há um mote.
Há um desejo reprimido, um momento rejeitado. 
Um momento de rejeição.
A ânsia reside na distância e no espaço que vai de mim a ti o tempo não dá tréguas. 
Há uma imagem...há muitas imagens. 
Desejos que viajam como se não existisse espaço.
Sentimentos básicos aparecem sob uma forma primária e a fome de nós é insaciável. 
Alterações de sistema como se houvessem alterações na rede e o cérebro decidisse entrar em colapso com excesso de informação...
Adormecer com o pensamento num lugar mais quente e acordar como se a noite não tivesse passado e o sono não me tivesse premiado. 
E no retorno ao elemento criador do mundo os nossos corpos ficam em fogo enquanto nas nossas almas a chama acende sensações desconhecidas.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Piano

Uma cadência de sons faz o meu sangue reagir a cada nota como se fosse um toque solto... um beijo... 
O coração acelera no vício da repetição.
Sinto um arrepio na espinha e cada centímetro da minha pele a eriçar-se. 
Há um sabor antigo no ar, 400 anos talvez...
No encaixe perfeito de dois pares de lábios há um outro mundo em que o meu olhar é sentido e cada variação da minha respiração é incitada. 
Os teus dedos trespassam e queimam... 
O toque é doce e lento.... 
A emoção é primária e grotesca. 
Esqueço-me de como respirar. Esqueço o controlo. 
Mais uma cadência de notas e não consigo decidir entre arrancar-te do piano ou continuar a ser arrastada na dança das tuas mãos...
Enrosco-me em ti e deixo a minha cabeça descansar no teu ombro. 
Fecho os olhos e o teu cheiro entra em mim... 
Não consigo parar...as notas estão agora ligadas à minha alma. 

Flying

Sinto-me dançar.
Este é um bailado que não termina imerso em sons e sensações constantes de felicidade.
Os meus pés tocam parcamente o chão e toda eu sou salsa, bailado e valsa.
Um rosto vincado por um sorriso constante e um brilho extasiante no olhar: não é só o teu mundo que ganhou cor...
Consigo voar e agora o raio de visão alarga-se até ao infinito... 
Vejo mais longe. Vejo mais além.
Estás no meu mundo não o restringindo... . 
Estranha esta liberdade impressa na minha alma transcendendo cada limitação e dando sentido à minha existência.
Sinto o tempo como vento a correr pelo meu corpo beijado sofregamente pelo calor do sol.
Regozijo na tua presença ausente. 
A vida não acabou. Está apenas a começar.

domingo, 8 de setembro de 2013

Preciso-te

Olho a linha do oceano.

O meu corpo é trespassado pelo frio da manhã... Os meus pés gelam a cada beijo das ondas e marcam a areia virgem nesta vespertina manhã. 
Na minha alma a carência de ti. 
O desejo de um beijo na magia de uma noite encantada, a tua voz profunda a extasiar-me e um olhar que entre o terno e o doce me diz tudo o que preciso. 
O teu corpo comigo. A tua alma na minha.
A saudade é controlável e  passageira... A fome de ti é desespero. 
E cada palavra trocada, cada confissão realizada, cada gesto e cada silêncio foram drogas para um espírito que se perdeu por ti. 
Do outro lado do mundo. Longe da minha mão. 



sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Emptyness

O som de uma mota aproxima-se. 
Pego num isqueiro branco e sorvo um travo no cigarro. 
Notas de um piano multiplicam-se over and over again. 
Na minha boca ainda sinto o sobor da tua... 
No meu peito uma angústia de saber que não estás ao alcance de uma simples mensagem. 
O coração acelera deixando-me ligeiramente confusa quanto à sua inexistência. 
A milhares de km de distância corres atrás de um sonho.... 
O teu, o meu e o de muitos de nós. Orgulho-me e regozijo-me.
No meu mundo privado a minha cama ficou vazia. 
As minhas noites ficam solitárias quando a tua presença era uma certeza. 
A minha mão continua a puxar o telemóvel de 5 em 5 min. 
O sol desce sobre uma Lisboa que para mim está quieta e silenciosa. Parada no tempo talvez. 
E cada minuto multiplica-se por 100 quando sei que não estás ao alcance da minha mão.